Movimento empresarial Petrópolis 2030 cobra da Naturgy inclusão da cidade em expansão do gás natural encanado
Setor empresarial quer Petrópolis e concessionária vão atuar em conjunto para ampliar rede de abastecimento
O movimento empresarial Petrópolis 2030 cobrou, em reunião nesta quinta-feira (20) com diretores Naturgy, concessionária de gás, a inclusão da cidade no plano de infraestrutura energética da empresa para o país. A concessionária anunciou R$ 418 milhões em expansão para este ano –somente no Estado do Rio a operação chega R$ 364 milhões. O movimento reivindicou e recebeu sinalização positiva da presidente da empresa, Kátia Repsold, presente à reunião, que o principal município da região serrana terá um plano de expansão ouvindo empresas que formam um mercado em potencial. O encontro com Kátia e outros diretores da empresa, na Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL-Petrópolis) foi conduzido pelo secretário estadual de Óleo, Gás e Energia, Hugo Leal, que vem sendo um canal entre os empresários e as concessionárias de serviços fluminenses para estabelecer investimentos em Petrópolis que possam resultar em retomada do crescimento econômico da cidade.
No encontro, que teve a participação de entidades empresariais de vários segmentos – e apresentação da nova associada, a OAB – Petrópolis que esteve representada pelo diretor Alex Sandro Cortásio- o movimento Petrópolis 2030 fechou com a Naturgy acordo que prevê apresentação de demandas reprimidas e estudo conjunto de áreas que podem contar com rede de abastecimento. Hoje, a empresa tem 102 quilômetros de rede que alcança apenas 13% do seu território.
“Petrópolis não recebe a expansão do gás natural encanado com ênfase e esse cenário precisa mudar porque hoje nossa cidade faz parte da região metropolitana do Rio. E, como tal, deveria receber os investimentos em igual magnitude a outras cidades nestas condições. Além disso, o município, para combater seu esvaziamento econômico, precisa de estrutura que nos dê competitividade e o fornecimento do gás natural encanado é um diferencial”, aponta Cláudio Mohammad, presidente da Câmara de Diretores Lojistas de Petrópolis e organizador do movimento Petrópolis 2030.
O secretário estadual de Óleo, Gás e Energia, Hugo Leal, salientou que um dos objetivos da pasta é justamente ampliar a distribuição de gás no interior do estado. Ele demonstrou as rotas em expansão e a meta do governo que encara a produção de gás como essencial para a reindustrialização do Rio. “Está no horizonte um processo licitatório para uma nova concessão em 2026, mas até lá os investimentos precisam ser ampliados e vão incluir Petrópolis”, antecipou.
No encontro ficou estabelecido que, em um primeiro momento, as 25 entidades que compõem o movimento serão acionadas para identificar demandas reprimidas, gerar um relatório e, junto com a Naturgy, desenvolver cada caso. “Hoje temos 12 obras em curso na cidade e 20 comércios que estão realizando processo para receber o gás, mas com resolução da capacidade de nossa estação de compressão, é possível ampliar para mais clientes. Essa aproximação com Petrópolis também vai proporcionar um planejamento de expansão sob medida”, anunciou Kátia Repsold que esteve acompanhada das diretoras Fernanda Amaral (Relações Institucionais) e Gisélia Seleri (Comercial).
A Naturgy, que substitui a Ceg, antiga Companhia Estadual de Gás, atende apenas a 10,4% do mercado em potencial de Petrópolis. A Naturgy tem hoje em Petrópolis 7.852 clientes residenciais e 143 pontos comerciais, 10 indústrias e 14 postos de combustíveis. A própria empresa aponta que o mercado potencial entre clientes residenciais, por exemplo, é de 76.119 casas e apartamentos. Na área industrial o gás natural ainda pode chegar a mais 25 empresas e, no comércio pode ser ampliado para mais 402 pontos, além de mais quatro postos de combustíveis que podem contar com o produto em forma veicular.
Samir el Ghaoui, presidente do Petrópolis Convention & Visitors Bureau e Marcelo Soares, do Instituto Philippe Guédon, pontuaram sobre as demandas do turismo e a necessidade de estabelecer prazos e metas com a Naturgy. “Hotéis, pousadas e restaurantes são clientes em potencial e precisamos encurtar a distância e entender o processo e as vantagens”, disse Samir. Para Soares, a empresa precisa ‘estar mais presente e apresentar os investimentos previstos.
“Hoje é mais um firme passo, com o decisivo empenho do secretário Hugo Leal e do governador Cláudio Castro, para que Petrópolis recupere o cenário de desenvolvimento. Já avançamos com a Enel e agora com a Naturgy e teremos mais pautas para que nossa cidade receba investimentos”, destacou Cláudio Mohammad.
A reunião teve a presença de representantes de entidades que compõe o movimento como NovAmosanta, Sindicato do Comércio Varejista de Petrópolis. Associação Brasileira da Indústria de Hotéis no Estado do Rio (ABIH-RJ), Conselho Comunitário de Segurança, Conselho Regional de Engenheiros e Arquitetos, Associação Fluminense de Preservação Ferroviária e
Associação dos Profissionais da Contabilidade de Petrópolis.
Poucos investimentos desde 2005, quando o gás natural encanado chegou à cidade
Depois de 18 anos desde que chegou a Petrópolis, a empresa investiu pouco em expansão. Em seis anos, a partir de 2018, o crescimento foi de apenas 1,7 mil pontos passando de 6.235 clientes em 2018 para 8.019 em 2023.
No Estado, a Naturgy anunciou no início de julho, a expansão de redes para novas regiões em 10 municípios como Itaguaí, Mangaratiba, Niterói, São Gonçalo, Duque de Caxias e São João de Meriti, com o objetivo de ampliar a capacidade de atendimento a clientes residenciais, comerciais, postos GNV e indústrias. A conclusão dessas obras ocorrerá até meados de 2024 com a construção de novos 50 quilômetros de rede.
A exclusão da cidade em um momento em que outras regiões receberão aportes financeiros significativos coloca e xeque seu papel estratégico, desenvolvimento sustentável e recuperação da economia, aponta Cláudio Mohammad. “O gás natural encanado representa uma alternativa energética limpa, eficiente e versátil. Sua utilização traria uma série de benefícios para Petrópolis e seus habitantes. Além da redução dos custos operacionais para as empresas locais, a disponibilidade desse recurso atrairia novos empreendimentos, gerando empregos e fortalecendo a economia da cidade”, considera.