Papelaria Semadri: entusiasmo por novos começos
Carolina Freitas
Marcada pelo entusiasmo que antecede novos começos e pela variedade de caminhos que vêm junto deles, há 30 anos a Papelaria Semadri é motivo de orgulho no comércio petropolitano. Soma de determinação e uma paixão inabalável pelo setor, a loja é prova de que o melhor da vida não se planeja. Ele simplesmente acontece.
Mais do que as marcas, estampas e cores que a caracterizam, uma papelaria só é verdadeiramente definida pela missão a que se propõe. No caso da Semadri, o ambiente traduz o clima de antecipação por novos ciclos em que cadernos, lápis e borrachas são ponto de partida para uma infinidade de possibilidades.
Seja no âmbito acadêmico, profissional, artístico ou pessoal, é certo que uma papelaria excede as expectativas no quesito incentivo. E foi justamente nessa atmosfera bastante semelhante à de Ano Novo, em que tudo é possível àquele que crê, que Sergio Luiz Maiworm, de 70 anos, se encantou pelas papelarias e por tudo que elas representam.
Contratado pela Papelaria Petrópolis aos 16, ele foi funcionário da referida empresa até os 39 anos de idade quando, devido a mudanças na gestão do local, decidiu investir no próprio negócio. Em uma modesta loja de 24m², Sergio iniciou um novo ciclo certo de que, quando há carinho envolvido, os caminhos são infinitos, ainda que o espaço seja limitado.
Num misto de incertezas e expectativas, a Papelaria Semadri foi aberta em 2 de novembro de 1990, na galeria do Edifício Arabella. Combinação dos prefixos de Sergio – seu nome e de seu filho, Maria – sua esposa, e Adriana – sua filha, a empresa se consolidou na soma das energias da família, dos fornecedores e dos consumidores.
“Trabalho com papelaria há 54 anos, mas parece que foi ontem. São muitas incertezas, mas você tem que trabalhar e acreditar”. Ao todo, foram dez anos de funcionamento no Arabella. Primeiro numa pequena loja – voltada apenas para material de escritório, depois para a expansão dela e, uma década depois, para o endereço próprio, onde permanece até hoje.
Desde 2000 na Rua do Imperador, 685, a Semadri se firmou na confiança. “Você entrar na minha loja para comprar uma caneta é sinal de que você está escolhendo a minha papelaria”. Além de Sergio, quem também esteve diretamente envolvido no começo do negócio é seu gerente Guido Kronemberger, de 53 anos, que trabalha com ele há 35 anos.
Com mais de três décadas de convivência – 31 na Semadri e outros quatro na Papelaria Petrópolis – Guido é o braço direito de Sergio. Dinâmica, a dupla foi a responsável por movimentar a engrenagem da Semadri quando o negócio se resumia a muitos objetivos e ainda mais possibilidades.
“Vim para a Semadri com 20 anos. Começamos com a papelaria pequena. Bem estreitinha. A gente visitava escritório por escritório até formar a clientela que a gente tem hoje. Foi recíproco com a clientela. Pegando uma por uma, você vai visitando e conquistando a confiança”, descreve Guido.
E foi assim, dia após dia, que Sergio, Guido, e a equipe da Semadri se tornaram parte determinante em múltiplos ciclos de crescimento dos fregueses. “Começo de ano é mais uma série nova do filho, é filho se formando, indo para o Ensino Médio, para a faculdade. Tem cliente que vem agradecer e contar que cursou Medicina”, conta o gerente.
Felicidade em pertencer
Responsável pela venda de artigos escolares, de escritório e de arte, a Semadri reúne estudantes, admiradores e profissionais da pintura, arquitetura e engenharia. Cada qual com sua forma própria de absorver e retratar a vida, entre os funcionários e a família que compõe a papelaria a felicidade está em pertencer a uma rede de apoio a sonhos.
Casada com Sergio há 44 anos, Maria de Jesus Massi Maiworm, de 71 anos, foi a primeira a contribuir com a fundação da Semadri. Ex-funcionária da Telerj, foi quem se desdobrou entre o emprego, as atividades domésticas, a dedicação aos filhos e a gestão da área financeira da papelaria, com que continua a contribuir.
“Quando apareceu a loja do Arabella, resolvemos encarar. Eu falei que seguraria a casa e que começaríamos do zero. Eu saía de casa cedo, levava minha filha na minha sogra e ia trabalhar para, no horário de almoço, bater as boletas e duplicatas na papelaria. Minha maior felicidade é saber que a gente veio do nada e que contribuímos com os funcionários”.
Fonte de inspiração para a equipe, Maria e Sergio são admirados pelos colaboradores da empresa que, dentro ou fora dela, carregam sua experiência e ensinamentos. Marcelo Alves Borba, de 42 anos, acumula mais de duas décadas de casa. Testemunha da evolução da papelaria e dos clientes, ele fala sobre a amizade desenvolvida.
Em antigos registros da Semadri, funcionários que contribuíram com a história da papelaria na cidade. Imagens: Arquivo pessoal Sergio Luiz Maiworm
“Uma caneta que uma pessoa tem de recordação, você troca uma carga, checa se ainda está funcionando. Muita gente que vem faz questão de comprar direto contigo. É muito bom e gratificante”. Como ele, também trabalharam por mais de 20 anos na Semadri os ex-funcionários Willian Matias, de 44 anos, e Fabiano Lara Carvalho, de 42 anos.
Tendo saído da papelaria para dar início ao próprio empreendimento, Willian diz que, ainda que em outro setor, seu negócio é reflexo de seu período como funcionário de Sergio. Determinante, ele fala que, mais do que um emprego, a Semadri lhe ofereceu os aspectos necessários para seu crescimento profissional e pessoal.
“Lá aprendi sobre negociação, atendimento ao público. Vi que se foi possível crescer para o Sergio, é possível para todos. Ele sempre me orientou muito sobre o que fazer e como fazer da maneira certa. Só gratidão. Foi uma experiência de vida única”. Semelhante a ele, Fabiano Lara Carvalho testemunhou a torcida inigualável do time.
Contratado para o primeiro emprego ainda nos tempos do Arabella, Fabiano cresceu junto da firma. Estudante, à época, obteve experiência como vendedor e, ao mesmo tempo, como uma das peças da engrenagem da Semadri. Chegando a cursar Direito enquanto funcionário, ele comenta sobre o apoio recebido durante a época de faculdade.
“A gente cresceu junto e o Sergio sempre foi um patrão muito bom e muito família. Aos sábados eu tinha aula e saía um pouco mais cedo do serviço. Saí da papelaria há pouco tempo para arriscar e alçar voos mais altos. Acabei não indo para a área do Direito. Tenho empreendido com audiovisual, mas seguimos torcendo um pelo outro”.
Soma das energias de todos que passam pela papelaria, há 31 anos a Semadri é prova de que a dedicação faz o caminho e que o melhor, definitivamente, não se planeja ou imagina.